Os atendimentos a vítimas de acidentes envolvendo automóveis e motocicletas geraram, em 2023 e 2024, um custo superior a R$ 130 milhões em despesas com internações e consultas na rede pública de saúde do estado de São Paulo. A Secretaria de Estado da Saúde reforça o alerta durante o Maio Amarelo, mês dedicado à conscientização para a segurança no trânsito.
No período, foram realizados mais de 118 mil atendimentos em todo o estado, sendo a maioria relacionada a acidentes com motocicletas – mais de 109 mil casos. Acidentes com automóveis totalizaram cerca de 9 mil atendimentos. Muitos pacientes exigem internações prolongadas, cirurgias complexas, além de reabilitação e acompanhamento ambulatorial.
De acordo com dados do Departamento Regional de Saúde de Marília (DRS-IX), que engloba 62 municípios divididos em cinco microrregiões — Marília, Assis, Ourinhos, Adamantina e Tupã — os acidentes de moto representam os maiores custos para o sistema de saúde local, alcançando R$ 4,5 milhões. Destes, R$ 3,83 milhões referem-se a 2.185 internações decorrentes de acidentes com motocicletas, somados a R$ 17,7 mil gastos com 3.306 procedimentos ambulatoriais.
Os acidentes com automóveis também geraram despesas relevantes na região. Em Marília, foram necessárias 223 internações relacionadas a acidentes de carro, com um custo total de R$ 669,5 mil. Esses números colocam a região de Marília entre as dez com maiores gastos relativos a acidentes de trânsito no estado.
Ricardo Wosniak, médico e diretor do pronto-socorro adulto do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, alerta que os acidentes de trânsito são a segunda principal causa de mortes externas no Brasil, ficando atrás apenas dos homicídios por armas de fogo. “A cada hora, 20 pessoas são internadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) devido a acidentes de trânsito. Muitas dessas vítimas apresentam traumas graves, como fraturas, amputações e hemorragias internas e externas”, afirma o médico.
Wosniak destaca a importância do uso correto dos equipamentos de segurança, como cinto de segurança e capacete, para prevenir e reduzir lesões em motoristas e passageiros. “Acidentes podem deixar sequelas permanentes, como lesões neurológicas, paralisias e amputações. Respeitar as leis de trânsito e os limites de velocidade é fundamental para uma direção segura e para salvar vidas”, reforça.
Mais fiscalização
As operações de trânsito passaram de 382 em 2022 para 566 em 2024, um aumento de 48,1%. A fiscalização de veículos saltou de 142 mil para 402 mil: três vezes mais. As operações contam com a participação do Detran-SP e das polícias Civil, Militar e Técnico-Científica. Ela é uma das formas, por exemplo, de aplicar e fiscalizar a Lei Seca, que proíbe o consumo de álcool ao dirigir. Entre 2022 e 2024, o número de infrações de trânsito por consumo de álcool aumentou 83,8%: foi de 6,9 mil para 12,7 mil.