Audiência pública na Câmara de Marília por solicitação do presidente da Casa, o vereador Danilo Bigeschi, o Danilo da Saúde (PSDB), abriu espaço para debate e troca de informações sobre o uso da cannabis medicinal no município, além de apontar os desafios que pacientes ainda enfrentam para ter acesso ao tratamento terapêutico. O debate reuniu representantes de entidades, profissionais de saúde, pacientes e familiares, além do vereador Delegado Wilson Damasceno (PL).
Segundo Danilo da Saúde, a eficácia do uso da cannabis medicinal em diversas enfermidades e transtornos já é cientificamente comprovada, mas a ampliação da sua utilização ainda esbarra na falta de informação. “A audiência é importante para manter aberto este espaço de diálogo, de troca de informações com o objetivo de ampliarmos o conhecimento sobre este importante tema. Um dos desafios ainda é a dificuldade de acesso, principalmente para pacientes do sistema público de saúde, por isso temos discutido com a prefeitura, com a Secretaria da Saúde, ações não apenas para ampliar este acesso, mas para tantas outras necessidades, como a capacitação de profissionais da rede. Não tenho dúvidas de que iremos avançar muito nisso e levarmos melhorias não só de tratamento, mas de qualidade de vida para pacientes e familiares”.
As explanações tiveram início com o diretor jurídico da Abracamed (Associação Brasileira de Cannabis Medicinal), Flávio Rino. Ele fez uma breve exposição e criticou a morosidade do Congresso Nacional em votar o Projeto de Lei 399/2015, que regulamenta o cultivo da cannabis para fins medicinais e a comercialização de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta. “Está parado na Câmara dos Deputados há dez anos. Isso é o sinal que ainda existe um preconceito descabido em relação a um óleo extraído da cannabis que propicia que pacientes com diversas enfermidades tenham problemas amenizados. É fundamental que o Estado assuma o papel de garantir o acesso e aproveito para cumprimentar o Danilo Bigeschi, porque essa preocupação dele é rara e sou testemunha que ele faz um enorme bem para a sociedade com a divulgação e a popularização do uso da cannabis medicinal”.
Claudia Marins, vice-presidente da Associação Cannabica Maria Flor, fundada em Marília em 2020 e que tem garantido o acesso ao tratamento com cannabis medicinal a pacientes de todo o país, também agradeceu a oportunidade e destacou que a entidade atende hoje 14 mil pacientes. “São 600 pacientes por semana com terapias integrativas, dentre elas equoterapia, capoeira e terapia assistida com animais. Médicos prescritores são 1.450 e atendemos mais de 880 patologias diferentes em pacientes de um a 101 anos”. Ela ressaltou que a associação reduz custos ao Estado ao suprir lacunas do SUS (Sistema Único de Saúde), alcançando nacionalmente pacientes de baixa renda. “Somos referência em capacitação e pesquisa e promovemos saúde, dignidade e acolhimento de forma técnica, sustentável e segura. Agradeço essa oportunidade e ao Danilo [Danilo da Saúde] por essa abertura. É muito importante quando o poder público, mais que levar informação, busca conhecer. Gratidão por isso”.
Profissionais que atuam na Associação Cannabica Maria Flor, como fisioterapeutas, também tiveram espaço para apresentarem os trabalhos que são desenvolvidos com os pacientes, assim como mães puderam compartilhar suas experiências e explanarem como o uso da cannabis medicinal garantiu melhoria na qualidade de vida de seus filhos. Paulo Lara, da Abracamed, também participou da audiência. Encerradas as apresentações, foi aberto espaço para perguntas.
O debate teve duração de duas horas e foi transmitido pela TV Câmara e nas redes sociais do Legislativo. “Agradeço a todos que participaram da audiência. Mais um passo da nossa luta, dessa união de esforços, para cada vez mais desmitificar, facilitar o acesso. Vamos avançar muito no Sistema Único de Saúde nessa questão, abrir portas para as pessoas que precisam para melhora no quadro de saúde e principalmente na qualidade de vida”, conclui Danilo da Saúde.
