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Crime em Vera Cruz reflete alta de feminicídios; interior de SP já soma 71 casos em 2025

Foto: Agência SP

A campanha Agosto Lilás, dedicada à conscientização pelo fim da violência contra a mulher, ganha contornos de urgência diante do aumento dos índices de agressão e, em seu extremo, do feminicídio. O cenário preocupante se reflete tanto em dados nacionais quanto na realidade do interior do estado de São Paulo.

Um exemplo trágico foi registrado no último sábado (2), no município de Vera Cruz. A cabeleireira Lucimara Nunes, de 55 anos, foi morta a facadas pelo ex-companheiro. O autor do crime foi preso em flagrante na cidade de Pompeia, enquanto tentava fugir. O caso não é isolado e se soma a uma estatística que não para de crescer.

Segundo dados do portal da SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Governo do Estado de São Paulo, apenas nos seis primeiros meses de 2025, foram registrados 71 feminicídios em municípios do interior paulista. A distribuição mensal revela a constância do problema: foram 12 casos em janeiro, 13 em fevereiro, nove em março, 11 em abril, 15 em maio e outros 11 em junho. Em todo o ano de 2024, o interior do Estado totalizou 160 feminicídios.

CENÁRIO NACIONAL /A realidade paulista espelha uma tendência nacional. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 revela que o Brasil registrou 1.492 vítimas de feminicídio no último ano, um aumento de 0,7%. O perfil das vítimas é definido: 63,6% eram mulheres negras e 70,5% tinham entre 18 e 44 anos. Em 80% dos casos, o crime foi cometido pelo companheiro ou ex-companheiro, e 64,3% das mortes ocorreram dentro da própria casa da vítima.

Além dos crimes consumados, foram registradas 3.870 tentativas de feminicídio, um crescimento de 19% em relação ao ano anterior. Outras formas de violência também apresentaram alta, com 747.683 registros de ameaça e 95.026 de stalking (perseguição).

A busca por ajuda e proteção também dimensiona o problema. De janeiro a junho deste ano, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aponta que foram concedidas 55.070 medidas protetivas no Brasil. Já a Polícia Militar recebeu mais de 1 milhão de chamados (1.067.556) para casos de violência doméstica em 2024, o que equivale a duas chamadas por minuto. A efetividade da proteção também é um desafio. Em outro levantamento, de um total de 555.001 medidas concedidas em caráter de urgência, um número alarmante de 101.656 foi descumprido pelo agressor.

Um balanço do Ministério das Mulheres traduz a gravidade em frequência: a cada 6 horas, uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil; a cada seis minutos uma menina ou mulher sofre violência sexual; três em cada 10 brasileiras já foram vítimas de violência doméstica; e a cada 24 horas, 113 casos de importunação sexual são denunciados.

A denúncia é fundamental para quebrar o ciclo de violência. Para denunciar, disque 180 (Central de Atendimento à Mulher). Em casos de emergência, o número é o 190 (Polícia Militar).

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