Moradores da zona Sul de Marília têm sido alvos de um golpe envolvendo a doação de cestas básicas. Criminosos se passam por representantes de uma casa de assistência a idosos da cidade para distribuir os supostos donativos – que seriam de uma rede de supermercados – e, em troca, solicitam que as vítimas, geralmente idosas, posem para fotos. As entidades, porém, afirmam que não realizam esse tipo de doação.
Segundo o relato de uma das vítimas, que não será identificada nesta reportagem, além de registrar os rostos dos moradores, os golpistas também fotografam as fachadas das residências.
“Estava em casa e ouvi a campainha. Pela janela, vi dois homens no portão, a cesta no chão e nenhum carro estacionado. Eles eram jovens, usavam crachá. Falaram que eu tinha sido sorteada para ganhar uma cesta mensal pelo asilo Casa do Caminho e que também receberia uma enfermeira todo mês para medir pressão e trazer receitas caso precisasse de remédios”, narra a mulher.
Em dúvida, a vítima questionou se os homens procuraram seu vizinho, que precisa de doações. “Eles responderam que era apenas para pessoas cadastradas. Perguntei quem tinha fornecido meu cadastro, e disseram que foi a prefeitura. Depois, pediram uma foto minha, como condição para doação da cesta”, conta.
Alguns dias depois, a mesma dupla retornou ao endereço e perguntou se a moradora conhecia um homem, que ela desconhecia. “Bem na hora, o suposto chefe deles ligou e consegui ouvir ele dizer na ligação que eles teriam que tirar outra foto, dessa vez da frente de casa, porque estava ‘dando erro’ e eu não conseguiria receber a cesta nos outros meses”, complementa.
SUSPEITA /A prática levanta suspeitas de que as imagens possam ser utilizadas para fraudes bancárias, como a autorização de empréstimos por meio do reconhecimento facial. Até o momento, a vítima informou que houve uma tentativa frustrada de login em um aplicativo de banco e registrou boletim de ocorrência.
O curioso é que os criminosos realmente entregam uma cesta básica completa para as vítimas, incluindo arroz, feijão, açúcar, óleo, sal, fubá, café, trigo, farinha de mandioca, sardinha, macarrão e molho de tomate. “Mas não tive coragem de consumir nada. No pacote do café, por exemplo, tinha alguns furinhos”, comenta a moradora da região Sul.
Em nota, o asilo Casa do Caminho negou qualquer participação na distribuição de cestas básicas e alertou sobre o uso indevido de seu nome. O programa Tauste Social também afirmou não estar envolvido nesse tipo de ação e reforçou a importância de denunciar tentativas de fraude.
A Polícia Civil orienta que, ao receber doações inesperadas, os moradores confirmem a procedência da ação diretamente com as instituições envolvidas antes de fornecer qualquer informação pessoal ou permitir registros fotográficos.
Além disso, em caso de tentativa de golpe, a vítima deve registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil e informar a situação à sua instituição financeira o quanto antes, para evitar prejuízos.
