A DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Garça registrou novos boletins de ocorrência contra o médico psiquiatra Rafael Pascon dos Santos, preso preventivamente no último dia 22 de outubro, em Marília. O profissional, que atuava no Caps (Centro de Atenção Psicossocial) do município, foi transferido na quinta-feira (23) para a Penitenciária de Gália, onde permanece à disposição da Justiça.
Com as novas denúncias, o número de vítimas que procuraram a polícia para relatar abusos que teriam sido cometidos pelo médico na cidade vizinha subiu para sete. Segundo a DDM, duas novas mulheres procuraram a delegacia após tomar conhecimento das investigações em andamento.
A sexta vítima relatou ser paciente do Caps há vários anos, em tratamento por dependência química. Em depoimento, afirmou ter sido submetida, ao longo dos anos, a condutas libidinosas e invasivas por parte do médico responsável por seu acompanhamento. Segundo ela, o investigado adotava desde o início comportamentos inapropriados, como toques e beijos forçados.
Ela contou que, em uma consulta recente, realizada em 2025, o médico teria exibido seus órgãos genitais e feito comentários de teor sexual, o que levou a paciente a interromper o tratamento no Caps e buscar atendimento em uma unidade básica de saúde. A mulher afirmou que temia represálias por parte do profissional, devido à sua vulnerabilidade social e à dependência dos laudos clínicos, já que estava sendo acompanhada pelo Conselho Tutelar e pela Assistência Social em razão da guarda de suas filhas. O silêncio só foi rompido após ela ter conhecimento de outros relatos semelhantes contra o mesmo médico.
A sétima vítima também procurou a DDM relatando abusos semelhantes. De acordo com o depoimento, durante três sessões de acompanhamento psiquiátrico em 2023, o médico teria praticado atos libidinosos sem consentimento, como toques em suas costas e ombros, beijos forçados e tentativas de desabotoar suas roupas. Apesar dos episódios, a mulher afirmou que continuou o tratamento por necessidade, passando a comparecer acompanhada de familiares para evitar novas investidas.
As investigações seguem em andamento sob responsabilidade da Delegacia de Defesa da Mulher de Garça, que continua colhendo depoimentos e reunindo provas. O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público e pela Secretaria Municipal de Saúde, que abriu procedimento administrativo para apurar as denúncias.
Contra o médico existem dezenas de denúncias na DDM de Marília, inclusive dois casos de estupro. A defesa de Rafael Pascon dos Santos negou as acusações e afirmou acreditar que ele será inocentado durante o processo.