A busca por oportunidades de emprego por pessoas com mais de 60 anos vem ganhando destaque no estado de São Paulo, especialmente em cidades do Interior, como Marília. Com o aumento da expectativa de vida e a aposentadoria de uma geração mais experiente, os idosos estão se inserindo cada vez mais no mercado de trabalho, seja como uma fonte complementar de renda, seja como uma forma de se manter ativo e saudável.
Dados da Fundação Seade revelam um crescimento expressivo da participação dos idosos na força de trabalho paulista nos últimos anos. Entre 2014 e 2023, o número de ocupados com 60 anos ou mais aumentou 56,3% na Região Metropolitana de São Paulo e 60,1% no Interior do Estado. Como o total da força de trabalho do estado de São Paulo cresceu 13,4% no período, a participação dos idosos subiu de 5,9% em 2014 (1,4 milhão de pessoas) para 8,3% em 2023 (2,2 milhões).
No período em análise, o contingente de ocupados passou de 21,6 milhões para 24,5 milhões, acréscimo de 2,9 milhões de pessoas. Dessas novas ocupações, 754 mil foram ocupadas por idosos, o que ampliou a parcela desse contingente de 6,2% para 8,6% do total de ocupados do Estado.
A cidade de Marília, com mais de 246,6 mil habitantes, tem acompanhado a tendência crescente do envelhecimento populacional, como ocorre em boa parte do país. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população idosa tem se expandido, refletindo mudanças demográficas que afetam diretamente as questões sociais e econômicas locais. Dados do Censo de 2022 mostram que, no município, o número de pessoas na faixa etária entre 60 e 69 anos é de 24.238, com predominância de mulheres. A população ocupada corresponde a 37,8% do total de moradores, o que representa 89.824 pessoas inseridas no mercado de trabalho, com média salarial de 2,5 salários mínimos.
DESAFIOS /Ainda segundo o IBGE, a informalidade atinge cerca de 53,5% dos trabalhadores com mais de 60 anos no país. Contudo, a definição desse cenário no mercado de trabalho nem sempre encontra dados consolidados. Estudo da CNI/Senai (Confederação Nacional da Indústria) mostra alta de 110% na oferta de vagas para pessoas com mais de 50 anos, por exemplo.
Apesar do aumento da longevidade, a inserção do idoso no mercado ainda é um grande desafio. Muitos enfrentam preconceitos etários, que são comuns em diversas empresas. A ideia de que os idosos têm dificuldades para se adaptar a novas tecnologias ou que têm baixa produtividade pode ser um obstáculo para sua inclusão. De acordo com especialistas em Recursos Humanos, o segredo está justamente no fato de mesclar, no quadro de funcionários, o “gás” dos jovens e a sabedoria de quem de já viveu mais.
As projeções demográficas produzidas pela Fundação Seade indicam que, em 2035, a população com mais de 65 anos deverá superar a de menores de 15 anos.
Embora existam desafios, em Marília algumas empresas locais têm sido pioneiras na contratação de idosos. Supermercados, farmácias e escolas, por exemplo, buscam idosos para funções como atendentes, caixas, auxiliares administrativos e cuidadores. Além disso, algumas iniciativas de empreendedorismo, como o próprio comércio e prestação de serviços, têm aberto portas para os idosos se tornarem seus próprios patrões.
A Prefeitura de Marília, em parceria com algumas instituições sociais e educacionais, tem buscado promover projetos que capacitam os idosos para o mercado de trabalho, oferecendo cursos e workshops voltados à qualificação profissional. Esses programas são fundamentais para preparar a população idosa para novas funções, além de aumentar a sua confiança na busca por novas oportunidades.
