A Polícia Civil desvendou um crime de extrema crueldade que chocou a população de Quintana. O caso, investigado pela “Operação Fragmento”, envolve homicídio qualificado seguido de esquartejamento e ocultação do cadáver de Daniel Ferreira Crol, de 38 anos. As investigações foram conduzidas de forma integrada pela Delegacia de Polícia de Quintana e pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Tupã.
De acordo com a delegada titular da DIG de Tupã, Milena Davoli, o crime ocorreu na noite entre os dias 29 e 30 de outubro, mas só veio à tona na última segunda-feira (4), quando funcionários da prefeitura, acionados por moradores devido ao forte mau cheiro, encontraram partes de um corpo em avançado estado de decomposição em um terreno baldio às margens da linha férrea, na rua Armênio Pires Vieira.
“Foram três dias de trabalho intenso, e as equipes de investigação, de forma cirúrgica, conseguiram nesta data esclarecer a autoria do crime”, afirmou a delegada.
A peça-chave para o avanço das investigações foram imagens de câmeras de segurança de residências próximas, que captaram a última aparição de Daniel com vida na noite de 29 de outubro, por volta das 22h15. Nas imagens, que não foram divulgadas, ele aparecia andando de bicicleta na companhia de dois homens.
A bicicleta, do modelo “canguru”, preta com detalhes amarelos, foi localizada na casa de uma testemunha, que afirmou tê-la recolhido por tê-la encontrado abandonada perto do local onde o corpo foi ocultado.
Com base no reconhecimento dos suspeitos nas imagens, os investigadores identificaram os autores como E.K.S., 19 anos, e T.A.P.O., também de 19 anos.
Em operação rápida, as equipes policiais prenderam os envolvidos. E.K.S. foi encontrado em sua residência, nas proximidades do local de ocultação do corpo, na companhia de sua namorada, M.H.C.S., de 18 anos. T.A.P.O. foi localizado em uma propriedade rural na cidade de Borá.
Segundo o relato da delegada, E.K.S. confessou o crime imediatamente após ser detido. Ele relatou que, na noite do crime, ele e T. levaram Daniel, que estava embriagado, para dentro de sua casa. No local, colocaram a vítima deitada em um sofá, quando T. desferiu uma paulada na cabeça de Daniel. Em seguida, E. utilizou uma faca para cortar o pescoço da vítima, atingindo a artéria.
O crime foi cometido na presença de M. e do bebê do casal.
Após o homicídio, T. deixou o local. A tarefa de ocultar o corpo ficou a cargo de E. e M., que esquartejaram a vítima no próprio imóvel, embalando a cabeça, antebraços e pernas em sacos plásticos. Utilizando um carrinho de bebê, transportaram os fragmentos até um matagal próximo aos trilhos do trem, onde os descartaram aos poucos.
A Polícia Científica confirmou a presença de manchas de sangue no sofá e no colchão do casal. As demais partes do corpo foram encontradas em dias distintos, sendo a perna esquerda e os antebraços localizados apenas na quarta-feira (6), durante nova busca no local.
Motivações perturbadoras
Durante os depoimentos, a polícia identificou duas possíveis motivações para o crime. A primeira seria uma suposta vingança, baseada em boatos de que Daniel estaria “mexendo” com crianças em um parque da cidade.
A segunda, ainda mais perturbadora, é a de que um dos autores teria se inspirado na série “Dahmer”, que retrata a vida do notório serial killer e canibal Jeffrey Dahmer.
E.K.S., T.A.P.O. e M.H.C.S. foram presos em flagrante pelos crimes de homicídio qualificado (por motivo fútil e mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver.
