Há 13 anos, a micropigmentadora estética e paramédica, Fabianny Andrade, pratica empatia, solidariedade e acolhimento de mulheres que tiveram câncer de mama. Por meio do projeto “Amigos do Peito na Micropigmentação”, ela reconstrói aréolas de mulheres que passaram por cirurgia de remoção total ou parcial das mamas, de forma totalmente gratuita.
O projeto teve início em 2012, na cidade de Sorocaba, onde a micropigmentadora morava e já atendeu cerca de 300 mulheres. “Durante uma mobilização nacional de micropigmentadores, eu assumi a cidade de Sorocaba e, de início, era para o projeto acontecer em um dia do mês de outubro por ser o mês de conscientização sobre o câncer de mama. Cada cidade fez uma ação de atendimento gratuito de cuidados estéticos para pacientes que estavam em tratamento contra o câncer e eu ofereci a reconstrução das aréolas”, explica Andrade.
Depois de um tempo que o projeto havia iniciado, a reconstrução de aréolas começou a ter procura. “As pacientes que estavam presentes no primeiro dia do projeto e ainda não podiam fazer foram me procurar depois de um tempo e eu não consegui parar”, comenta.
Após mudar-se para Marília, Andrade fez parceria com alguns médicos, o que resultou em grande demanda. Por isso, atualmente, ela faz esse trabalho durante todo o ano, pois realizá-lo somente no mês de outubro faria com que muitas mulheres ficassem sem atendimento.
Para realizar a micropigmentação das aréolas, ela utiliza um dermógrafo – equipamento elétrico usado em micropigmentações – com tinta da cor mais realista possível. “Se a mulher tem uma aréola natural, tento reproduzir o desenho na outra mama. Se ela não tem nenhuma, faço o projeto, tamanho e desenho. A paciente aprova e o procedimento é feito”, informa Andrade.
Todas as mulheres que passaram por mastectomia podem fazer o procedimento, desde que já tenham reconstruído a mama e apresentem um atestado médico por escrito. “Me sinto realizada profissionalmente, pois eu não sinto que estou fazendo um projeto social ou um favor, sinto que estou tendo um privilégio de cuidar da dor do outro e transformá-la com amor e em amor”, destaca.
A biomédica Mara Sandra Xavier Canalli, de 48 anos, soube do projeto pelo seu médico. Segundo ela, a micropigmentação da aréola tem ajudado a ressignificar sua perda e a resgatar sua autoestima. “Fiz mastectomia radical da mama esquerda e reconstrução da mesma, e simetria da direita. Comecei a fazer a tatuagem com a Fabi no final de outubro de 2024, o processo ainda não está finalizado, porém está ficando ótimo. Só gratidão pelo trabalho incrível que ela faz com muito carinho.”
A educadora física aposentada, de 63 anos, Romilda Luzia de Maio Giannini, que também fez a reconstrução de aréola com a micropigmentadora, diz que mesmo após a reconstrução da mama com prótese sentia que faltava algo. “Me sentia incompleta. Depois da reconstrução da aréola me senti completa novamente. Só quem passa por tudo o que passei sabe a importância do trabalho da Faby. Ela nos devolve a parte que estava faltando. ”