A Santa Casa de Misericórdia de Marília encerrou o contrato com o Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual). Os atendimentos aos beneficiários do serviço de saúde seriam realizados na instituição até quinta-feira (7) e, a partir de sexta-feira (8), os associados que necessitarem de atendimento médico deverão utilizar os serviços oferecidos pelo HBU (Hospital Beneficente Unimar). O Iamspe atende principalmente servidores públicos estaduais de São Paulo – entre eles policiais civis e professores – e seus dependentes, incluindo cônjuges, filhos menores de 21 anos e filhos maiores de 21 anos incapacitados que atendam aos requisitos.
A rescisão ocorreu devido a questões contratuais. A Santa Casa de Marília informou, em nota, que comunicou o Iamspe com antecedência de três meses sobre o fim do contrato e que os pacientes que, porventura, estejam em atendimento, terão continuidade na assistência até que tenham alta hospitalar ou ambulatorial.
Por meio da assessoria de imprensa, o Iamspe declarou que “a decisão de rescindir o convênio partiu da Santa Casa de Marília em maio de 2025. A tabela do convênio do Iamspe é pública, aplicada de forma padronizada a todos os prestadores de serviço e vem sendo gradativamente reajustada. Vale ressaltar que os usuários – crianças, adultos e idosos – de Marília e região seguirão com assistência médica pelo Hospital Beneficente Unimar, referência em atendimento de emergências, consultas, exames, cirurgias e internações. Além do serviço hospitalar, na região de Marília, o Iamspe conta com um total de 10 clínicas e consultórios, que atendem diversas especialidades médicas, e 13 entidades credenciadas para exames laboratoriais e de imagem, além de um Ceama, que atende em cinco especialidades. Os endereços e telefones para contato estão disponíveis no site www.iamspe.sp.gov.br.”
A presidente do SINDPESP (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), Jacqueline Valadares, comentou a atual situação dos conveniados residentes em Marília: “O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo lamenta o descaso com que a saúde dos servidores públicos — entre eles também os profissionais da Polícia Civil — está sendo tratada. O encerramento do convênio do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe) com a Santa Casa, na cidade de Marília-SP, é um exemplo disso. Para o enfrentamento de problemas como este, o SINDPESP ressalta a importância de que a Nova Lei Orgânica da Polícia Civil, em fase de elaboração pela Casa Civil do governo Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), contemple, em seu escopo, também a previsão de auxílio-saúde para os policiais, levando-se em consideração, inclusive, o fato de que o próprio Iamspe não está atendendo adequadamente aos servidores estaduais.”
O diretor administrativo do SINDCOP (Sindicato dos Policiais Penais do Estado de São Paulo) da região de Marília, Luciano Carneiro, havia comunicado, no dia 10 de junho, na página oficial do sindicato, que o fim dos atendimentos realizados pela Santa Casa de Marília ocorreria no dia 7. Segundo o site, “o sindicalista, após rumores do desligamento, entrou em contato com os responsáveis da instituição de saúde, que deixaram claro o descontentamento com os repasses extremamente baixos que estavam recebendo da autarquia do governo”. E que “tal fato terá grande impacto aos contribuintes da região, pois faziam uso do polo principalmente para urgência, emergência e atendimentos pediátricos”. Esclareceu ainda que “o caminho é buscar auxílio político e que todos façam reclamações na ouvidoria”.
A situação deverá sobrecarregar o HBU, único hospital que atenderá os usuários do Iamspe a partir desta sexta-feira, e que também assiste pacientes de outros convênios médicos.
Na sessão desta segunda-feira (4), a Câmara Municipal de Marília apresentou requerimento solicitando ao prefeito, Vinicius Camarinha, que interceda junto ao Governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao Secretário de Saúde do Estado, Eleuses Paiva, e à Superintendente do Iamspe, Maria das Graças Bigal Barboza da Silva, para a união de esforços e informações sobre a interrupção do convênio entre o Instituto e a Santa Casa de Misericórdia de Marília. O documento também solicita que seja viabilizada a retomada do convênio e a normalização dos atendimentos pela Santa Casa de Marília.
Entre as consequências para os servidores públicos estaduais e seus dependentes, citadas no documento, estão: dificuldade no acesso à saúde, prejuízos financeiros para os beneficiários que terão que buscar atendimento médico particular, impacto negativo na qualidade da assistência – já que a Santa Casa de Marília é reconhecida pelo atendimento prestado – e insegurança, pois a incerteza quanto ao futuro do convênio gera preocupação entre os beneficiários do Iamspe, que podem enfrentar dificuldades para encontrar atendimento adequado.