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Secretário promete solução, mas residentes do HC permanecem em greve

Manifestantes protestaram em frente ao Teatro Municipal, onde o secretário estadual participou de evento na última semana (Foto: Samantha Ciuffa)

Médicos residentes de especialidades cirúrgicas do HC-Famema (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília) iniciaram greve nesta sexta-feira (21), sem previsão de data para retornarem às atividades. O principal motivo seria a redução de cirurgias eletivas derivada da escassez de médicos anestesistas no Hospital das Clínicas. O Secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, durante sua visita a Marília, afirmou que o cancelamento dos procedimentos é inaceitável e se reuniu com os manifestantes durante a tarde do mesmo dia.

Em entrevista ao O DIA, a médica residente de anestesiologia do HC-Famema, Mariana Siqueira, que aderiu à paralisação, explica que, em novembro de 2024, devido à falta de anestesistas suficientes para atender às demandas das cirurgias eletivas e dos plantões de urgência e emergência, a gestão do hospital implantou um rodízio cirúrgico, englobando tanto o Hospital Materno Infantil quanto o HC, o que acarretou em uma redução expressiva na quantidade de cirurgias eletivas.

“Agora, cada especialidade tem autorização em um dia específico para operar o paciente que precisar. Por exemplo, em uma segunda-feira, no período da manhã, só ginecologia consegue operar cirurgias eletivas. À tarde, só urologia. Todas as demais especialidades, como cirurgia plástica, geral, torácica, ficam esquecidas nesse dia”, detalha, destacando que fizeram reuniões quinzenais com a gestão do hospital, mas sem sucesso sobre uma solução para a questão.

De acordo com a médica, esse esquema resultou em um impacto imenso na população. Os residentes afirmam que, após o rodízio, caiu praticamente pela metade a quantidade de cirurgias eletivas realizadas no complexo. Entre junho e outubro de 2024, foram feitas 892 operações eletivas, enquanto que, de novembro de 2024 (quando o sistema foi implementado) até fevereiro de 2025, foram apenas 422.

“Ao mesmo tempo que tivemos rodízio, o ambulatório continuou com o mesmo fluxo de pacientes. Eles chegam com a demanda cirúrgica, mas nós residentes, responsáveis por agendar as cirurgias, não podemos fazer por conta do rodízio. Os pacientes permanecem na fila e, muitas das vezes, quando ligamos para agendar a cirurgia, eles já não estão mais em situações operáveis, principalmente na oncologia”, conta Siqueira.

Por isso, ainda segundo a médica anestesiologista, os profissionais iniciaram a paralisação na intenção de mobilizar o Estado para a contratação de mais anestesistas, para que a equipe seja suficiente para atender à demanda de cirurgias eletivas e plantões, sem prejuízo à população.

Os manifestantes também foram ao Teatro Municipal, onde o secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, participou de encontro regional. “Vou conversar com os residentes e vou me reunir com a direção e superintendência. Esse fato se resolve hoje. Se não resolver, segunda-feira minha equipe está aqui. E se eles não derem conta, troca a equipe e põe gente que dê conta. Nós não aceitamos de maneira alguma que a gente interrompa cirurgia eletiva aqui em Marília”, declarou o secretário.

Logo após, Eleuses Paiva se reuniu com os manifestantes e, segundo os médicos, foram feitas promessas sobre a contratação de novos anestesistas e resolução do problema. “Infelizmente, não tem nenhum memorando colocando fim ao rodízio de salas cirúrgicas, que é a exigência por parte dos residentes, porque nós queremos voltar com as nossas cirurgias eletivas. Portanto, a greve vai permanecer”, afirma Laura Ragi, médica residente da gastrocirurgia do HC/Famema, reforçando que a paralisação só terminará quando as promessas forem cumpridas.

CONTRATAÇÃO /De acordo com nota divulgada pelo HC/Famema, a dificuldade de contratação dessa especialidade profissional não é uma realidade exclusivamente do hospital ou de Marília e, desde setembro de 2024, foi diagnosticada e formalizada junto à atual gestão do complexo.

Na última quarta-feira (19), o HC/Famema divulgou a abertura de inscrições para o concurso público que oferece um total de 333 vagas. Dessas vagas, 10 são direcionadas para Médicos Anestesiologistas, sendo nove dessas vagas para ampla concorrência e uma para PcD (Pessoa com Deficiência).

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