Vítimas de estupro são na maioria das vezes menores de 14 anos ou incapazes

Dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que aumentaram os casos de estupros e de estupros de vulneráveis em todo o país. Marília está quase nessa tendência, de acordo com as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

De janeiro a maio deste ano, a cidade com quase 240 mil habitantes registrou 10 casos de estupros e 26 de estupros de vulnerável – esse tipificado na legislação brasileira como a prática de conjunção carnal ou ato libidinoso com vítimas menores de 14 anos ou incapazes de consentir por qualquer motivo, como deficiência ou enfermidade. No mesmo período de 2023, foram 7 casos de estupro e 31 com vítimas vulneráveis. O Estado ainda não divulgou dados de junho e julho.

Já o 18º Anuário compara 2023 com 2022 e mostra que o Brasil registrou, só no ano passado, um crime de estupro a cada seis minutos – um total de 83.988 casos de estupros e estupros de vulneráveis e um aumento de 6,5% em relação a 2022. Um recorde para o país. Outro triste detalhe é que, segundo o levantamento nacional, de todas as ocorrências de estupro verificadas em 2023, 76% correspondem ao crime de estupro de vulnerável. Em Marília, essa parcela também corresponde a mais da metade.

O perfil das vítimas continua o de meninas (88,2%), negras (52,2%), de no máximo 13 anos (61,6%). Também não houve, de acordo com a publicação, variações na autoria e no local do crime: 84,7% dos agressores são familiares ou conhecidos, que na maioria das vezes cometem a violação nas próprias residências das vítimas. As vítimas de até 17 anos compõem 77,6% de todos os registros.

Aumento dos casos de estupro estaria ligado à conscientização de denunciar

O aumento dos casos de estupros pode estar relacionado tanto a um real crescimento da quantidade de crimes, quanto às denúncias e número de ocorrências policiais. A análise foi feita pela chefe da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), Darlene Rocha Costa. “Nós tivemos sim um aumento das ocorrências, mas eu reforço que esse aumento é principalmente devido à conscientização das mulheres de que elas têm que denunciar. E eu vejo como muito importante as divulgações para levarmos cada vez mais conhecimento sobre os direitos que essas vítimas têm”, enfatiza a delegada que concedeu entrevista ao O DIA.

O atendimento humanizado e feito por outras mulheres também contribui para essa efetividade das denúncias. “Elas se sentem mais seguras e não ficam constrangidas para registrar a ocorrência. Estão chegando muitos casos que aconteceram há cinco ou seis anos atrás. Isso é reflexo da coragem em denunciar”, destaca Darlene.

O esforço também é para atender as vítimas vulneráveis. “É mais complicado quando envolve adolescentes ou crianças muito pequenas, até mesmo quando ainda não desenvolveu a fala. Então acabamos dependendo de profissionais da escola, de algum vizinho ou parente para procurar a delegacia”, comenta a chefe da DDM.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública ressalta que é preciso se atentar ao fato de que quem comete esses crimes é, na grande maioria dos casos, homem. Portanto, são necessárias medidas rigorosas e também a conscientização da população desse gênero.

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