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Voa paralisa ampliação do terminal e culpa tombamento do Aeroclube

Projeto de ampliação do aeroporto de Marília teria equipamentos que permitem presença de três aviões ao mesmo tempo. Fonte: Divulgação

O futuro do Aeroporto Estadual “Frank Miloye Milenkovich”, em Marília, está em debate após a paralisação das obras de ampliação do terminal de passageiros, anunciada pela Rede Voa, concessionária responsável pela gestão do local. A empresa alega que a ampliação tornou-se inviável após o tombamento do Aeroclube de Marília como patrimônio histórico e cultural da cidade, aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pelo Executivo.

Em nota, a Rede Voa alega que o tombamento, realizado “à revelia da concessionária e do Governo do Estado de São Paulo”, impediria qualquer alteração arquitetônica no local, inviabilizando o investimento previsto para o terminal. Segundo a empresa, o projeto, que teria sua entrega antecipada de 2028 para 2026 como parte do Plano Geral de Investimentos firmado com a Artesp (Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo), depende agora da revisão da lei municipal que instituiu o tombamento.

A empresa ressalta que já recorreu à Justiça para buscar a revogação da lei e questiona a legalidade do processo. “O início das obras está condicionado à resolução deste decreto municipal que definiu o tombamento da área do Aeroclube e impede qualquer tipo de intervenção e melhoria no terminal de passageiros do Aeroporto de Marília, pois acarreta desequilíbrio financeiro à concessão junto ao Governo do Estado de São Paulo”, declarou o CEO da Rede VOA, Marcel Moure, também em nota. Apesar do impasse, a empresa garante que as operações atuais do aeroporto não serão afetadas.

Em contrapartida, a Câmara Municipal de Marília afirmou que o processo de tombamento do Aeroclube é uma demanda histórica. De acordo com a Casa de Leis, desde 1996 existe a solicitação de reconhecimento da importância do Aeroclube, e a solicitação oficial de tombamento foi feita em 2022, após visita de membros da Comissão dos Registros Históricos de Marília. Segundo o Legislativo municipal, o tombamento preserva uma área de 3.200 m² — correspondente exclusivamente ao Aeroclube, sua entidade e acervo, com destaque para o papel histórico da instituição na criação da TAM, companhia aérea fundada na cidade.

A Câmara rebate a alegação da Rede Voa de que o tombamento impediria o projeto de ampliação do terminal. O Legislativo informa que, segundo documentos apresentados pela própria concessionária e explanações realizadas em janeiro de 2025, a expansão do terminal não afetaria diretamente a área tombada, e a empresa teria, inclusive, se comprometido formalmente a preservar o patrimônio histórico, incluindo elementos como os ipês em frente ao terminal.

Visando esclarecer o impasse e ouvir a população, a Câmara de Marília informou que pretende promover uma audiência pública para discutir a questão do tombamento e das obras de ampliação do terminal de passageiros.

O debate sobre a preservação histórica e a modernização da infraestrutura do terminal deve continuar nas próximas semanas, enquanto os órgãos envolvidos buscam uma solução para o impasse.

A reportagem procurou a Prefeitura de Marília, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.

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