O paleontólogo William Nava, de Marília, ganhou destaque internacional ao ter seu trabalho publicado como artigo principal na capa da revista Nature, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo. O estudo aborda um fóssil descoberto por Nava em 2015: o crânio de uma ave pré-histórica que revela um estágio crucial na evolução das aves, conectando espécies primitivas às modernas. A espécie, batizada de Navaornis hestiae, representa um elo importante na compreensão dessa trajetória evolutiva.
O fóssil, encontrado na pedreira conhecida como William’s Quarry, localizada no sítio paleontológico “José Martin Suárez”, em Presidente Prudente, data de aproximadamente 80 milhões de anos. Nava iniciou as escavações no local em 2004, mas foi somente em 2015 que desenterrou o bloco de arenito contendo o crânio e parte do esqueleto da ave enantiornite. Em 2018, ao avançar na análise do material no laboratório do Museu de Paleontologia de Marília, identificou o crânio em notável estado de preservação.
“Foi uma grande surpresa me deparar com ossinhos de morfologia diferente, formando um crânio, contendo inclusive o bico preservado, as órbitas e outras estruturas ósseas, preservado em 3D. Crânios fósseis são muito raros de se encontrar nas rochas sedimentares de idade Cretácea do Brasil, portanto esse achado foi especial” disse Nava.
O nome da espécie presta homenagem a Nava por suas contribuições à paleontologia ao longo de 31 anos. Já o epíteto específico, hestiae, alude à deusa grega Héstia, refletindo a dualidade da descoberta: uma linhagem arcaica com geometria craniana moderna.
A publicação na Nature, referência global na comunidade científica desde 1869, reforça a relevância do trabalho de Nava e o projeta como um marco histórico e científico na paleontologia brasileira.